domingo, março 28, 2010

Lendas das Quattro Rodas -Lancia Delta S4


O Lancia Delta S4 tinha todas as características que fizeram dos Grupos B os carros dos rally mais extraordinários que correram no Mundial de Rallys e num dos últimos Campeonatos da Europa dignos desse nome o de 1986. Quando em 1984, a Peugeot lançou o 205 Turbo e revolucionou a concepção dos carros de rally com o seu chassis tubular, motor central e tracção às quadro rodas, a Lancia competia com 037, de tracção traseira muito eficiente no asfalto, mas incapaz de acompanhar os Peugeot ou os Audi Quatttro.


Fabrizio Trabaton- Campeão da Europa  de 1986 - uma prova ao gosto do S4

Para ganhar a Peugeot, a Lancia necessitava de uma máquina com as mesmas características e o seu director desportivo, Césare Fiori, pressionou a marca de Turim no sentido de se apresentar ainda na temporada de 1985 com uma nova montada, assim aconteceu com a estreia do Delta S4, no RAC em que a marca italiana conseguiu uma inesperada dobradinha com Henri Toivonen e Markku Allen. Entre a Peugeot e a Lancia, uma diferença desde logo assinalável, o 205 turbo 16 era uma evolução do 205 de serie o Delta S4 era uma máquina com função especificamente desportiva para a especialidade dos rallys e nada tinha haver com o Fiat Ritmo do cidadão comum. O S4 foi concebido sobre um chassis com “monocasco” central que incluía o habitáculo e a estrutura de segurança. A rigidez do veículo estava subjacente em dois chassis tubulares: o dianteiro alongado e o eixo traseiro para receber o motor, situado longitudinalmente, entre a caixa de velocidades e a continuação do motor e o diferencial viscoso que se repartia entre os dois eixos. A disposição mecânica era a mesma do 037, com um novo motor e com tracção às quatro rodas. O motor era o “coração” do bólide da Lancia cuja origem era um velho bloco do Beta que de Grupo 5 e que de resto já tinha sido implantado no 037. Mas pela primeira vez se combinava na motorização de um carro de rally, a combinação das técnicas paralelas da sobrealimentação que já contava com um compressor Volumex, tecnologia já utilizada no 037 de rallys e em alguns Lancia de serie, no qual se juntou um motor Garret. Com uma impressionante relação de peso e potência que conferia ao S4 cerca de 300 CV, o Lancia de grupo B estava mais muito próximo de um Fórmula1, famosa foi a volta dada por Henri Toivonen ao circuito do Estoril de 1986 que lhe garantiria a 6ªposição da grelha de Partida do G.P. de Portugal. Um carro rápido com uma carreira supersónica, na prova de estreia o S4 bateu a concorrência e na segunda prova, a abertura em Monte Carlo, Henri Toivonen, rápido e espectacular, ridiculizou a concorrência e na Suécia o motor partiu em Portugal após o acidente de Joaquim Santos, as marcas oficiais alegaram faltam de segurança e abandonaram o rally.



Henri Toivonen um piloto super rápido na era dos grupo B

Na Córsega, o luto carregado abatia-se nos rallys, Toivonen despista-se quando dominava na Córsega de forma imperial. Da tragédia corsa, perdia-se a dupla mais rápida da época Henri Toivonen e Sérgio Cresto, que estavam noutro patamar de competitividade que nem o experiente Markku Allen era capaz de acompanhar.


O Lancia Delta S4 após o despista na Córsega o princípio do fim dos Grupo B

Massimo Basion o sucessor de Toivonen  e um ganhador nos Grupo A 

O cenário da tragédia, era semelhante a um desastre aéreo as peças deslocavam-se por vasta área do embate do carro italiano, era o fim do Grupo B, Markku Allen e Massimo Biasion, venciam na Argentina e no Olimpus, mas nada voltaria a ser igual, a todos aqueles que nas florestais, ouviam o roncar dos motores que mais pareciam da F1, em velocidades vertiginosas entre as árvores, os muros e as multidões que deliravam perante o verdadeiro bailado selvagem daquelas fabulosas máquinas, o S4 não ganhou o Mundial mas venceu os dois campeonatos que faziam parte dos objectivos da marca o Italiano de Rallys e da Europa. Palmarés do Delta S4: 1985, estreia no RAC: 1º ( H.Toivonen); 2º (M.Allen); 1986 – Monte Carlo (1ºHenri Toivonen) e Costa Esmeralda(I) (1ºHenri Toibvonen (prova pontuável para o Europeu) ; Suécia (2ºMarkku Allen, 6ºKalle Grundell); 3ºSafari (Markku Allen) Nova Zelândia 2º(Markku Allen, 3ºMassimo Basion). 2º Argentina (1ºMassimo Biasion,Markku Allen); 2ºAcrópele (Massimo Biasion); 3º1000 Lagos (Markku Allen); San Remo 1º(Markku Allen 2ºSan Remo Dario Cerrato, 3ºSan Remo, Massimo Biasion ). A Lancia era Vice-Campeão Mundial de Rallys- Fabrizio Trabaton era Campeão da Europa (1ºCosta Brava (E); 4ºCosta Esmeralda (I), 2º Elba(I), 1º(Madeira)1º(Halkidiks) (1ºAústurias (E) ; 1ºCatalunha (E) e 1ºSan Marino (I) e Dario Cerrato era Campeão Nacional da Itália (3ºCosta Esmeralda, 1ºElba,1ºTarga Florio, 2ºBella Lana, 2ºPiancavallo)

Sem comentários: